Além de boas audiências, às custas, muitas vezes, de sensacionalismo com poucos limites, a cobertura policial confere repercussão às TVs. E elas dão cada vez mais espaço ao assunto.
Um noticiário local na Record chega a ter 80% de reportagens ligadas à segurança. Em dias como os da invasão dos morros no Rio, 100%.
"Não sei se esse tipo de repórter é mais valorizado, mas é mais difícil de encontrar. Poucos acabam indo por esse caminho. O glamour é zero. Tem é transpiração e correria", diz Marcelo Rezende.
Os diretores de jornalismo negam que os repórteres policiais ganhem mais que os outros na TV, mas reconhecem a importância da área.
"As matérias policiais acabam sendo um veículo de cobrança das autoridades", diz José Emílio Ambrósio, diretor de Jornalismo da Band.
Divulgação/TV Bandeirantes | ||
O jornalista José Luiz Datena, apresentador da Bandeirantes, que ganha salário de cerca de R$ 500 mil por mês |
Luiz Gonzaga Mineiro, diretor de Jornalismo do SBT, assume as dificuldades de se fazer reportagens policiais sérias na televisão.
"O detalhamento, como ir além dos dois lados da história, a polícia e o bandido, fica comprometido em uma cobertura ao vivo", diz ele.
Mas todo esse barulho sai caro. A Folha apurou que Marcelo Rezende foi para Record por um salário mensal de R$ 200 mil. Cabrini fatura no SBT na faixa de R$ 250 mil. Mas o maior salário mesmo é o de Datena: R$ 500 mil.
"Talvez eu seja valorizado porque trabalho muito", diz o âncora do "Brasil Urgente", líder de audiência na Band.
Para Mineiro, o espaço de cobertura policial está diminuindo no SBT. "Não podemos tirar o policial, mas a questão hoje é olhar para o nacional. Tanto é que 'Boletim de Ocorrência' (policialesco do canal) saiu do ar."
"Se não tivesse importância, não cobriríamos. O país é esse, não fui que inventei. Se tivesse sido eu, teria inventado outro país, mais simpático, mais leve", diz Rezende.
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